Se tem uma coisa que faz meu dia começar mal é acordar atrasada, principalmente quando a agenda do escritório está cheia. Era segunda-feira e não podia me atrasar hoje, estaria demitida com toda certeza. E lá estava eu, tomando café no carro mais uma vez.
Enquanto enfrentava o trânsito, já organizava em minha cabeça quais compromissos iria cumprir primeiro, pois no final da tarde o escritório inteiro estaria focado em Michael Jackson.
Trabalhar em um escritório de Advocacia famoso em Los Angeles nunca foi meu objetivo, mas soube agarrar a oportunidade quando ela surgiu e para uma Advogada latina e jovem, era uma grande conquista pessoal. Sem mencionar que era agradável ver personagens do "red carpet” entrando e saindo do escritório com freqüência.
Mas quando se tratava do King of Pop as coisas ficavam tensas. Podíamos sentir a tensão nos olhares e no ar que se respirava dentro do escritório. Ele era o cliente mais importante e mais lucrativo para o escritório - não sei como, mas ele sempre conseguia se meter em confusão.
Eu era advogada auxiliar, então nunca tratava dos assuntos legais pessoalmente com as celebridades, isso ficava para os sócios do escritório. Para mim, restava a árdua tarefa de organizar documentos e redigir as peças legais que iriam a juízo. Mas eu sempre gostei do meu trabalho e não havia razões para reclamar.
Chegando no escritório, com sorte no horário, comecei a resolver pilhas de compromissos e prazos. Já no inicio da tarde meu ramal toca e era meu chefe me chamando na sala dele.
- Dra. Karen, você sabe que hoje às 6:00 p.m. temos reunião com Mr. Jackson…
- Sim Senhor, tenho conhecimento. Posso ajudar em alguma coisa?
- Era exatamente isso que queria tratar com você. Nessas reuniões gosto de contar com um advogado extra, tomando notas para que não deixemos passar nada que possa ser relevante, principalmente quando se trata da guarda de crianças, pois é um assunto delicado. Infelizmente Dr. Galler que ficaria com esta função terá que atender outro cliente - um assunto inadiável. Gostaria de saber se a Dra. poderia substituí-lo na data de hoje, lembrando que as reuniões com Mr. Jackson costumam ser longas.
- Claro. Estou à disposição do escritório.
“Claro. Estou à disposição do escritório.” Eu saí da sala do meu chefe rindo de mim mesma. Claro que estaria à disposição. A primeira celebridade que iria atender era Michael Jackson. Só podia ser uma piada do destino. Ele era uma lenda viva da música e poder estar na mesma sala que ele seria incrível pessoal e profissionalmente.
As horas passavam, o escritório esvaziava. Pontualmente às 6:00 p.m., como um lord inglês, Michael chegou ao escritório acompanhado de seus seguranças. Peguei a documentação pertinente ao caso e acompanhei Dr. Taylor até a sala de reuniões.
Os seguranças ficaram do lado de fora. Dentro da sala estávamos Mr. Jackson, Dr. Taylor, um assessor de Michael, que estava aguardando sua chegada desde as 5:30 p.m. e eu.
Michael nos cumprimentou e ficou olhando para mim, como se estivesse desconfortável com a minha presença na reunião. Olhar que não passou desapercebido pelo Dr. Taylor, que imediatamente me pediu para buscar uma pasta que ele havia esquecido.
Mesmo sabendo que não havia pasta alguma, fui buscar uma pasta qualquer até que ele explicasse ao cliente quem eu era, o que fazia ali, porque outra pessoa estava no lugar do Dr. Galler.
Como eu já tinha conhecimento das desconfianças justificáveis de Michael com tudo e todos, e ainda levando em consideração a delicadeza dos assuntos que seriam tratados envolvendo seu filho caçula que estava para nascer, não me incomodei com sua atitude. Achei prudente e precavido.
Bati na porta e com autorização entrei novamente, Michael sorriu quando me viu e abaixou a cabeça, nesse momento eu soube que tudo já estava esclarecido quanto à minha função naquela reunião.
Horas se passaram e Michael permaneceu muito sério enquanto Dr. Taylor esclarecia todas as questões envolvidas no caso.
Já passavam das 8:00 p.m. quando a reunião foi finalizada. Todos se levantaram para se despedir e agradecer pela confiança.
Michael veio na minha direção, me olhando fixamente e me senti estranhamente tensa. Naquele instante, tudo ficou lento e eu estupidamente paralisada até que ele tocou na minha cintura me conduzindo para perto dele.
- Me desculpe se fui indelicado no início da reunião, eu não tive essa intenção.
-Não se preocupe Mr. Jackson, eu disse me afastando dele, temendo que Dr. Taylor percebesse o efeito que Michael teve sobre mim quando se aproximou daquela forma - Assuntos que envolvem família são realmente delicados, - continuei falando sem pausa,- e por vezes podem nos deixar constrangidos quando expostos para pessoas que não conhecemos.
E ele, ainda com as mãos em minha cintura, segurou mais firme e me conduziu de volta para ele para alcançar meu ouvido, encostando sua perna na minha
- Você não me deixou constrangido de forma alguma. Foi um prazer.
-Foi um prazer conhece-lo Mr. Jackson. Eu respondi completamente sem reação ao que estava acontecendo, tentando manter a compostura e parecer profissional.
A respiração dele perto do meu pescoço e sua voz baixa, me causaram arrepios que se espalharam por todo meu corpo e assim ele soltou minha cintura com um sorriso nada tímido, passando a mão pelo meu braço, me mostrando o caminho da porta, como se o escritório fosse dele. Pensei naquele instante - o que ele está fazendo?
- Damas primeiro.
E passei à frente dele porque não tinha como argumentar com o cliente e senti minhas costas pegarem fogo. Eu sabia que ele estava olhando. Tinha certeza disso. Apesar de não acreditar que aquilo estava acontecendo comigo.
Na porta de saída da sala de reunião, quando achei que o mais constrangedor já havia passado, quando eu dei meu primeiro passo para atravessar a porta, Michael deu um passo junto comigo, encostando seu corpo nas minhas costas.
- Me desculpe, acho que essa porta é muito estreita para passarmos juntos, você primeiro. Michael sussurrou na minha nuca perto do meu ouvido.
Eu estava no meu ambiente de trabalho, sabia que qualquer escorregão da minha parte resultaria em demissão. Mas aquele sussurro me arrepiou inteira, desceu como um raio da minha nuca percorrendo todo meu corpo até minhas pernas amolecerem.
Eu demorei alguns segundos para me recompor enquanto Michael olhava para mim e sorria discretamente.
Enquanto Dr. Taylor e Michael caminhavam com destino à saída do escritório, eu fui para minha mesa, pegar minhas coisas para ir embora daquele lugar imediatamente. Eu não entedia o que tinha acontecido comigo e o efeito que esse homem teve em mim ao se aproximar daquele jeito.
Eu não sabia se tinha imaginado coisas ou se tinha sido alvo de alguma piada de mal gosto do Mr. Jackson. Fiquei um pouco ofendida com a exposição em meu local de trabalho e pela impossibilidade de questionar as atitudes dele comigo na saída da reunião, mas tinha outras coisas para me preocupar naquele momento.
Já em casa, naquela noite, ainda tentando entender o que havia acontecido, aquela imagem do Rei do Pop se desfazia dentro de mim. Michael era um homem. Um homem cheio de auto-confiança, seguro de si, atrevido, petulante e de certa maneira arrogante, mas incrivelmente lindo e sexy. Deus … como era lindo! Confesso que quando ele encostou seu corpo no meu e sussurrou no meu ouvido, senti meu corpo inteiro tremer e ele sabia o efeito que havia causado em mim e pareceu muito satisfeito com o resultado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário